Texto por Carol Patrocinio (@carolpatrocinio)
Ilustração por Priscila Barbosa
Quem conhece um pouco a história do Brasil sabe que não é de hoje que matam pessoas negras como se não fosse nada. Cada detalhe da nossa formação como sociedade e Estado está encharcado de sangue, principalmente de pessoas negras. De navios negreiros a camburões, as pessoas negras estão sendo exterminadas de todas as maneiras possíveis.
O racismo estrutural funciona assim: ele não apenas prende as pessoas em locais pré-definidos, ele as tira, contra sua vontade, dos lugares que ocupam por direito, mas não são vistos como de direito. Ele faz com que não se sinta dor na morte de uma pessoa que lutava pelo certo. Ele desumaniza mesmo a pessoa mais humana possível. É a receita perfeita para o erro: ele cala quem é negro e cega quem não é.
Não é de hoje que pessoas negras são mortas. O genocídio da população negra acontece desde sempre. Não é de hoje que recados são dados: quem é negro, convive com pessoas negras ou é da periferia, escuta esse mesmo recado desde sempre. Nada mudou, tudo continua igual. A diferença é que, agora, todos nós podemos ter nossa voz ouvida sem precisar que a imprensa noticie o que sabemos que ela não vai noticiar da forma certa.
A pergunta que fica é: qual a mensagem que você quer passar com a sua voz? Que história você vai contar aos seus amigos, família, seguidores?
Sabe quando dizem que uma pessoa negra precisa se provar duas vezes mais que uma branca para ter credibilidade? Marielle fez isso. Em pouco mais de um ano eleita fez mais do que muitos dos homens brancos que criaram raízes em cargos públicos ao redor do país.
Não esqueça. Não deixe passar. Marque em você cada uma das pessoas negras que é morta diariamente. Exploda com esses números imensos e tristes. Lembre de Marielle, de Benjamin (o menino de 2 anos morto no Complexo do Alemão), de Claudia (arrastada por um carro de polícia). E lute para que nossa história mude. Chega de derramar o mesmo sangue e fazer de conta que é a primeira vez.
Marielle, presente.
One reply on “Não se esqueça de Marielle Franco”
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