Yung Buda finalmente estreou seu álbum em SP (quinta, 20/2) reafirmando seu sucesso e colocando mais uma página na história da SoundFoodGang na música: ingressos esgotados, casa lotada e no dia seguinte todo mundo falando sobre.
Pode ser que a cena do trap hoje esteja um tanto quanto saturada e, também, por isso Yung Buda seja tão importante. À la Van Gogh – sangrando e jorrando arte da pele – e jamais permitindo se limitar, o trapper mostra em True Religion um episódio de: alcance de maturidade, noção de crescimento e compromisso com a arte. E foi nessa vibe a experiência do show de lançamento no Mundo Pensante.
Com a essência do trap, mas sempre próximo à eletrônica, as produções do novo álbum mostram as mais diferentes referências do artista: desde Donkey Kong Country, ao filme Aristocats, passando por Over the Garden Wall e, claro, Naruto. É interessante pontuar também a conexão com suas obras passadas e obras futuras: recortes do EP Beats by Deus, Músicas para Drift vol II, referências presentes em YAMA-ARASHI, mas também solta Yung Goth Babes, introdução de uma track ainda a ser lançada.
A discotecagem de DJ Buck antes do show contou com faixas de Sidoka, Tasha e Tracie e WillsBife, mas o que trouxe o clima do show foi Febem, “Esse é Meu Estilo”. E finalmente, toda a banca da SFG sobe pro palco, e niLL faz o esquenta puxando a capella pra “Akastuski de Vila”. A atmosfera pro Buda já estava criada.
Abrindo com “Piloto”, umas das mais ouvidas do EP anterior e já colocando o público lá em cima, Buda não deixa a energia cair em nenhum momento. O True Religion foi misturado com hits anteriores, como “Autumn Ring Mini” (cujo clipe bateu 1MM no Youtube), “Jesus Chorou pt II”, “Negro Drama pt II”, e “Akatsuki de Vila I e II”.
Os destaques do novo formato de show ficaram, como eu já imaginava, para “Sem Sinal” – que ele cantou com o Nikito e Hacker Dresscode – que de tão bom que ficou ao vivo ele teve que repetir. Ao contrário do que ele comenta no Faixa a Faixa do Rapresentando, é uma faixa de muito impacto, justamente por ser direta e curta.
O álbum, como um todo, revela uma arte que busca fugir da demanda que o público coloca, de forma pura e genuína, e não um produto de expectativas.
E, talvez justamente por isso ou de forma paradoxal, um ponto admirável do show é a fidelidade da base de fãs do artista: além de cantarem todas, eles realmente vão aos eventos trajados com as referências de seus sons. Buda consegue unir otakus, góticas e fãs do mais gangsta rap em um bate cabeça.
Confira algumas fotos feitas e disponibilizadas por Hugo Gama, fotógrafo da Cérebro Surdo Produções: