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Quem está no rap game sabe das dificuldades enfrentadas para lançar um disco. Sacrifícios dos mais variados precisam ser feitos e, ao final, nem sempre é possível chegar perto do almejado: uma venda de disco que cubra os custos da produção, shows que possam levar sua música para um número maior de pessoas e render uma grana pro sustento e o tão sonhado reconhecimento.

No caso de Yannick Hara, ou apenas Yannick, foi preciso abrir mão de muita coisa: renegar ideias, ideologias, hábitos e vícios. “Esse EP salvou a minha vida e eu renovo esse voto dia a dia porque prefiro viver esse sonho que vivo hoje, consciente, e não mais na ilusão e na fantasia”, desabafa.

Filho de pai negro e mãe japonesa, o emcee prestou homenagem a suas origens, que fica mais evidenciado na faixa que dá nome ao trabalho, “Também Conhecido Como Afro Samurai”. Inspirado no mangá e anime Afro Samurai, do escritor japonês Takeshi Okazaki, o som navega entre diferentes culturas que deram base pra Yannick criar seu trabalho, mais maduro e próximo de sua verdade pessoal que nos trabalhos anteriores. “Vivo sob uma nova filosofia de vida que exige isso de mim, porém tenho muito que aprender. Antes eu era um personagem e hoje busco ser eu mesmo, busco ser o Yannick, busco a minha essência”, explica.

Mas além da fusão de referências, a música chama atenção pela parceria inusitada com os MCs do Ascendência Mista, um dos grupos responsáveis pela nova escola do rap surgida nos anos 2000. “Conheço os integrantes desde essa época e o convite para fazer esse som já perdurava há anos, culpa minha mesmo por procrastinar tanto esse projeto”.

Fã do grupo, Yannick conta com orgulho que tem o disco do Ascendência guardado até hoje e que a participação de Zorack e Venom era um sonho que se tornou realidade. “Quando finalmente foquei minhas energias no disco, falei com o Zorack e o Venom e eles me disseram ‘Vamos mesmo? Há anos você fala isso e nada’, mas rolou e finalmente saiu essa faixa. Foi uma honra tê-los comigo”.

A união do artista com seus ídolos foi tão produtiva que rendeu clipe.

Mas seria essa participação um sinal de que o grupo pode voltar? “O que eu mais quero é que o AM volte. A cena precisa deles, precisa dos beats, da produção e das rimas do Munhoz, das linhas complexas do Zorack e do flow incrível do Venom. Por favor, Ascendência Mista, voltem!!!”, brinca.

O EP de estreia de Yannick traz oito faixas, misturando sonoridades do trap ao rock, contando com convidados de peso como Medulla e Dieguito Reis (Vivendo do Ócio), que entraram no disco pelo momento eclético do MC, que também é fã das duas bandas, somados a Paula Malvar (Vó Tereza) e Petrus. “Sacrifiquei muita coisa para concluir esse desafio, minha vida passou por uma reviravolta imensa”, desabafa. A produção ficou por conta de Everton Beatmaker, de Juiz de Fora (Minas Gerais), e Paulo Júnior.

Ouça o EP Também Conhecido Como Afro Samurai:



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