Todos nós temos em nosso hall da fama particular artistas dos quais mantemos uma relação real de amor e ódio que no fundo não faz a menor diferença pro artista em si, mas dá pra gente aquele gostinho de vitória como se fôssemos o centro da moral e do bom gosto musical.

Projota é desses que detestamos amar, ou que amamos detestar. Amo dizer as histórias sobre quando comecei no Per Raps e ele ignorou uma inbox emocionada que enviei no final de 2008 (prometi nunca contar isso publicamente, mas cá estamos, um dia vou superar, já prometi à terapeuta).

Enfim, todo esse engodo foi só para dizer meu maior exemplo de guilty pleasure do rap nacional deu uma entrevista muito legal para o Papo de Música. Se liga só:

A história de Projota não é exatamente única. Cansamos de conhecer rappers que foram salvos pela cultura hip-hop. O que talvez o diferencie da grande massa é o repertório equilibrista se mantendo numa linha firme entre a música de protesto e a balada romântica. Achei muito firmeza quando ele disse sobre a necessidade da música que toca na rádio e a dicotomia entre a mensagem e o impasse entre a mensagem e o entretenimento. “É difícil de você fazer o que as pessoas precisam ouvir ganhar do que as pessoas querem ouvir”, diz.

Outra parada sinistra é quando ele fala sobre o cancelamento que impuseram quando ele se lançou “Cobertor”, em parceria com a Anitta, no já distante 2014, antes de estarmos vivendo essa distopia social e política. Uma coisa é não gostar, deixar de acompanhar a carreira de alguém, mas outra diametralmente oposta é levar seus gostos como régua de julgamento se um artista pode ou não fazer o que ele quiser da sua arte.

No fim das contas, a gente consegue enxergar completamente um outro cara, uma brand new season do moleque de vila. Um Projota mais maduro, consciente, abraçando seu trampo. Essa é a treta. Quando você abraça seu trampo, que se dane se você xinga o presidente ou dança em câmera lenta com a Anitta. Você acredita nele e ponto final. Isso é suficiente pra se manter de pé (inclusive ele me ganhou de novo cantando a música do Bil durante esse episódio, porra Projota).

Pra finalizar, você pode estar do lado que adora cantar as canções mais famosas do Projota na sua rádio favorita (quem tem uma rádio favorita em 2020?) ou pode estar do lado que ouvia as demos empolgadão e chorava junto com ele naquele vídeo cantando “Veia” na Lumis Club. Esteja de qual lado você estiver, concordamos que ele precisa assinar um pacote de internet decente para as próximas entrevistas.

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