O start da cultura de rua e a movimentação do mercado streetwear rolaram simultaneamente à popularização do Hip-Hop nos saudosos anos 80 e 90. Em meio ao caos nova-iorquino, com guerras entre gangues, o principal movimento urbano da época foi peça-chave para fazer o casamento do século: moda e música.
Se vestir bem era fundamental para os criativos bboys, djs, grafiteiros e MCs, que, do objetivo inicial de se sentirem bem, se posicionavam de maneira política através de suas roupas. Diante disso, temos um cenário duradouro e de qualidade quando se trata do momento mais icônico da cultura urbana.
A música e a moda geradas pelos jovens daqueles dias refletiam o que estava acontecendo. E para retratar essa história e legitimar a revolução que o Hip-Hop causou, criaram o documentário “Fresh Dressed”, que inclusive indico muito. Com depoimentos de grandes nomes da música e fashionistas, e com uso de materiais de arquivo, o filme tenta mostrar a nova energia trazida pelo movimento desde os seus primórdios. E o mais legal: está disponível no Netflix.
Um outro momento dos anos 90 impossível de não mencionar é a série “Fresh Prince of Bel Air” ou “Um Maluco no Pedaço” aqui no Brasil. Assistir às histórias e confusões de Will Smith é um passaporte certeiro para a época mais colorida da moda urbana.
E no Brasil? Bom, aqui a chegada do movimento não foi instantânea, mas de uma maneira bem gradativa e adaptada para o país. Especificamente em 1984, tivemos a chegada da dança de rua e o surgimento dos b.boyings, poppings e lockings. Não demorou muito para ver pessoas com roupas coloridas, óculos escuros, tênis de cano alto, luvas, bonés e um enorme rádio gravador, o icônico boombox, mostrando os primeiros passos do que se tornaria mais tarde uma cultura bem mais complexa. Mesmo sob forte influência norte-americana, temos nomes brasileiros de peso que fizeram história quando o assunto era moda urbana como Negra Li, Sandra de Sá, Racionais MCs e Thaíde.
Somos seres em constante evolução, mas adoramos revisitar o passado para reescrever o futuro. E assim funciona o nosso momento atual do streetwear. Brechós cada vez mais em alta, anos 90 ditando moda novamente, tudo isso sempre com uma pitada de tecnologia e futurismo.
LEIA MAIS:
- #Especial: Discos de 1998 e a nova fase do Per Raps
- #Playlist 1998: O melhor do rap e do r&b lançado há 20 anos
- “The Miseducation of Lauryn Hill” leva rap ao mainstream
- Os velhos e novos hábitos de consumir música
- “Soul Survivor”, de Pete Rock, é um clássico à frente de seu tempo
- Primeira coletânea do Espaço Rap completa 20 anos
- “Eu Tiro É Onda”, do Marcelo D2, usou 100% de samples brazucas