Rap se manifesta contra ofensas racistas ao goleiro Aranha
Mais um caso de racismo ganhou destaque na imprensa. Tudo aconteceu ontem em um jogo entre Santos e Grêmio, realizado no Rio Grande do Sul, em partida válida pela Copa do Brasil. No segundo tempo, após receber um pisão do atacante do time adversário, o goleiro Aranha, do Santos, foi agredido com ofensas racistas por torcedores gremistas, que imitavam macacos e o xingavam.
Depois da partida, jogadores e imprensa se manifestaram sobre o assunto e a maioria concordou com a punição dos envolvidos. Nesta sexta, o perfil de uma das torcedoras flagradas pela transmissão do jogo foi amplamente divulgado, inclusive gerando o afastamento do trabalho e inúmeros comentários condenando sua atitude nas redes sociais.
Fonte: ESPN
Mas como mudar essa cultura dos campos de futebol, em que pessoas xingam à todos sem medo de punições e, após serem identificados, se justificam dizendo que não são racistas e até possuem amigos ou parentes negros? Talvez uma das melhores formas de resolver essa questão tão arraigada na sociedade brasileira seria exatamente falar do assunto, debatê-lo e punindo aqueles que insistem em tomar atitudes racistas.
No entanto, nem todos se sentem a vontade de falar sobre o assunto. Mas por quê? Faltam argumentos, exemplos, vontade ou porque o assunto simplesmente não diz respeito ao dia a dia da pessoa? Não foi o que fez Parteum, MC e produtor musical, que utilizou o Twitter para se manifestar sobre o ocorrido. “Insistem em chamar negros de macaco, fedido e variações… Em 2014? Vocês não aprenderam nada desde que chegaram nesse planeta?”, provocou.
Fonte: @Parteum
O rap já possuiu em sua história um importante papel em debater o racismo e políticas públicas para combatê-lo. Ao longo de sua história, inúmeras músicas e clipes foram feitos levantando o debate sobre o assunto. O tempo passou e hoje em dia, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o número de artistas engajados nessa luta diminuiu, mas eles ainda existem e possuem voz. Mais do que isso, ainda se faz importante que os integrantes da cultura hip-hop como um todo se posicionem e condenem atitudes racistas. O ano é 2014, mas o pensamento de muitos ainda é da casa grande e senzala.
Parabéns pela lucidez, Parteum. E tâmo junto, goleiro Aranha.
Insistem em chamar negros de macaco, fedido e variações… Em 2014? Vocês não aprenderam nada desde que chegaram nesse planeta?
— Parteum (@Parteum)
Querem dizer que a taxa de melanina, nossa história e nossos costumes determinam sua percepção? Vem cá, tem espelho aí onde você vive?
— Parteum (@Parteum)
Rapaziada de qualquer idade desse terrenão com “NÓIS” dentro/pátria amada Brasil: VAMOS ACORDAR! DESDE SEMPRE, O GRINGO É “NÓIS”!
— Parteum (@Parteum)
TODO MUNDO QUE NASCEU AQUI TEM EM SI UM POUCO DE OUTRO PAÍS.
— Parteum (@Parteum)
Você não gosta de mim por imaginar que eu sou fedido? Não sou. Uso os mesmos perfumes que a sua sogra compra no Free Shop.
— Parteum (@Parteum)
Não tenho educação? Pffff! Por favor… Isso é uma questão de conveniência e conduta social. Efeito e modo de uso são adaptáveis.
— Parteum (@Parteum)
Eu ajo de acordo com o meu intelecto, caráter e sistema de suporte emocional. Em situações de risco, todo mundo varia. Todo mundo.
— Parteum (@Parteum)
Sistema de suporte emocional = amigos, família e as experiências que cada um carrega nessa passagem.
— Parteum (@Parteum)
Tudo importa. Tudo revela e/ou esconde quem você é.
— Parteum (@Parteum)
Se a sua infelicidade/raiva/inquietação mora na cor da pele do próximo… Olhe bem pra dentro de si e lide com o que você consegue enxergar.
— Parteum (@Parteum)
Eu acho da hora ter nascido ser humano. Essa é uma oportunidade única… Pra você, pra mim e pra quem mais quiser enxergar.
— Parteum (@Parteum)
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