“Mamãe falou, papai tá paia, vem devagar no meu mamão papaia”, sim, é isso mesmo que você está pensando! Com uma dose de bom humor, originalidade e – por que não? – uma aula de sexologia, que começa a track ‘Papaia’ uma das faixas do novo álbum de Hot e Oreia. “Crianças Selvagens” é o segundo álbum dos dois e conta com a direção de Daniel Ganjaman, um trabalho que entrega uma identidade puramente original dos meninos Mario Apocalypse do Nascimento e Gustavo Rafael Aguiar originais de Belo Horizonte.
Trazendo a tona assuntos sérios como educação sexual, respeito às religiões de matriz africana e dando sempre um jeito de confrontar as estruturas patriarcais os dois provam que rola abordar assuntos sérios com bom humor e responsabilidade. Ao longo das dez faixas a dupla conta com a participação de Black Alien, Naty Rodrigues, brincam com samples de artistas como Caetano Veloso, Nelson Ned e trabalham com produtores como Fantini, Coyote, Deekapz e Tropkillaz.
“A criança selvagem é uma busca por um ser que talvez a gente nunca consiga ser de fato, mas que nos vemos obrigados a tentar ser: alegres, coletivos e de olhos atentos às mudanças da civilização dura, triste e egocêntrica do nosso tempo.” – Diz Hot
Faixas preferidas
Preciso dizer que as faixas ‘Vírus’, ‘Saiu o sol’, ‘Oxóssi’ e ‘Presença’ ganharam fácil meu coração, foram direto pra minha playlist pessoal.
Em ‘Ela com P”, o estilo da composição me lembrou vagamente da relíquia “Brasil com P”, de Gog, esse é o tipo de composição que admiro demais por me remeter ao repente brasileiro. Acho riquíssimo composições que brincam com gêneros musicais.
Já, em “Vírus”, fica no ar a crítica ao aplicativos de entregas, que, como já falamos por aqui no Per Raps, envolvem problemáticas sociais longe de serem resolvidas.
Falando novamente da track “Papaia'”, que contou com a participação de Black Alien, o clipe é dirigido pelo Estúdio Bingo e traz uma grande representatividade de casais diversos. Além disso, o visual do clipe é lindo e entrega um ar intimista que linka bem com a proposta da música.
Começo arrasador, mas final desconectado
“Crianças Selvagens” começa com muita forca e um gingado delicioso mas confesso sentir falta dessa força e levada nas três últimas tracks, como se os sons seguintes tivessem certa desconexão com o restante do álbum.
De qualquer forma, a originalidade de Hot e Oreia e seu compromisso com um discurso crítico são um presente pra nova cena. Sou do clube que defende rap de mensagem mas consigo enxergar nitidamente uma adaptação perfeita da dupla as críticas que se fazem necessárias no momento e uma produção criativa muito bem feita.
Confira o álbum “Crianças Selvagens” completo: