Mais uma Semana de Moda em São Paulo e no Rio de Janeiro e é hora de levantar aquela velha questão: “ Onde estão os modelos negros?”

Por Lilithiz 

Na última quarta- feira cerca de 20 modelos (foto) protestaram na entrada do Fashion Rio pela inclusão de modelos negros na passarela, os jovens são estudantes de teatro, moda e história fazem parte do Grupo Palco dos Mil Sonhos que atua em vários bairros do Rio de Janeiro.

Moda é e sempre foi um reflexo histórico de nossa sociedade, uma forma de discutir o passado, o presente e o que há por vir, e é por isso que todo ano  é preciso colocar na roda novamente esse assunto que precisa de muita discussão para mudar o cenário atual.

Em 2013 o estilista Ronaldo Fraga deu uma bola fora ao “homenagear” a cultura negra usando modelos com cabelos feitos de Bombril, na época Marcos Costa o maquiador que idealizou o desfile com Ronaldo disse que “foi também uma forma de subverter um preconceito enraizado na cultura brasileira e questionou o fato dos negros alisarem seus fios.

Sério mesmo que associando o cabelo crespo ao Bombril a mensagem foi passada corretamente? Não.

Hoje as crianças, meninas, adolescentes e mulheres precisam de referências de sua cultura, se enxergar como realmente são e ter exemplo da real beleza negra, dos tipos de crespos, da maquiagem ideal para o tom de pele, de como evidenciar seus traços fortes, se reconhecerem.

Até mesmo a modelo britânica Naomi Campbell aderiu à causa e lançou uma a campanha contra a discriminação racial no mundo da moda. Ela cobra de estilistas, juntamente com as colegas Iman Abdulmajid e Bethann Hardison uma diversidade maior nas passarelas.

 Também no ano passado Tufi Duek fez um desfile com inspiração na cultura afro, porém na passarela só se via modelos brancas desfilando.

Uma cultura tão rica e interessante simplesmente se perde e fica sem sentido quando deixam de lado como meros fantasmas as pessoas que construíram tudo isso e serviram de inspiração.

Em contrapartida, existem bons exemplos de como se faz,  em 2013 a marca Cavalera fez um desfile super bonito inspirado na “Soul Train“,  ao som de Black Music e narrado ao vivo pelo mestre Tony Tornado, e nesse ano no SPFW Herchcovitch fez um desfile com  um casting formado apenas por modelos negros, entre homens e mulheres,  inspirado nas vestimentas de uma religião que mistura zulu e cristianismo.

Nem tudo está perdido mas é um caminho muito longo a ser percorrido e o dedo na ferida precisa ser colocado sempre, o assunto precisa ser discutido sempre e a luta mesmo que desgastante precisa continuar sempre! E que ano que vem possamos voltar ao assunto com mais exemplos e boas notícias.

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