Nesta sexta, entre tantos lançamentos, a MC curitibana Karol de Souza nos apresenta GRANDE!, disco com nove faixas e com duas participações de suas companheiras de Rimas & Melodias. Reunimos nossas primeiras impressões do disco e fizemos um breve bate-papo com ela para falar do seu mais recente clipe, “Fé pra Tudo”.

Primeiras impressões do disco GRANDE!

A MC Karol de Souza lança nesta sexta-feira seu disco GRANDE!, trazendo nove faixas, que contam com uma intro e um interlúdio, mergulhando com força no trap. Trazendo suas parceiras de Rimas & Melodias para as músicas, “Beijo no Pescoço” com Tatiana (Bispo), em que mostra seu lado romântico, mas no geral chega frenética, como em “Rajada – Remix”, que traz Stefanie batendo de frente com os críticos; e a produção executiva, artística e dos beats da intro (“Grande!”) e o fechamento do disco (“Arremate”) é da DJ Mayra Maldjian, outra parceira de Karol no Rimas & Melodias.

Mandando shades e uns papos pra lá de retos pra quem questiona seu corre, as rimas da MC a colocam pro ouvinte como uma figura poderosa, não só falando de amor romântico, mas também no sentido da mulher poderosa, sem “gueri gueri”. Karol também dá a letra sobre outros assuntos potentes como a questão da mulher preta de pele clara, preta demais para os brancos e branca demais para os pretos, além das feministas fakes, os rappers que focam nos views e por aí adiante.

O disco mostra uma MC confortável com os beats, seu flow e com seu discurso. As músicas servem pra dançar, sempre com uma mão na consciência pra se ligar nas críticas, e também pra curtir mais de boa. As faixas são breves e ao final o impulso é de ouvir tudo de novo (e de novo). Por aqui a gente curtiu, e aí?

‘Fé pra tudo’ e a construção de uma autoconfiança constante de Karol de Souza

Lá em 2014 ela meteu bronca e já deixava claro em ‘Quem é que tem o poder?’ que seu destino era vencer. Com o mesmo brilho no olhar de 2014, Karol de Souza lançou na última quinta-feira, nas principais plataformas digitais, ‘Fé Pra Tudo’, um trap com bases de boom bap mostrando que dá pra unir o gênero clássico do hip-hop ao trap. Com sua lírica característica, falas pontuais sobre auto estima e padrão estético, Karol faz questão de mandar uma chuva de recados pra quem ainda não entendeu que lugar de mina é no trap,  e se achar ruim é ‘pocas’.

O material foi gravado em câmeras de celulares durante uma sessão despretensiosa de fotos da capa do disco e o som foi produzido em cima de um type beat; um beat livre que qualquer pessoa pode gravar, a edição e captação de imagem foram idealizadas pela videomaker e MC Bianca Hoffmann; com referências de glitch e vaporwave, um formato de edição cada vez mais disseminado no cenário musical e muito bem aceito na internet, além de toda uma galera criativa envolvida, como as fotos pelo fotógrafo Luan Batista, styling por Maiwsi e mais uma galera foda. 

É claro que o Per Raps não deixaria de trocar uma ideia com a Karol pra saber mais sobre esse lançamento, dá um check:

Per Raps. De onde surgiu o título que dá nome ao álbum?

Karol de Souza: Até os 45 do segundo tempo eu achei que “Me Deixa Viver” seria o nome do disco… Mas num flash o nome “GRANDE!” me veio em mente e eu achei que batizaria perfeitamente o trabalho. Tem a ver principalmente com o meu status físico atual.

PR. Em um dos trechos você fala: “Nasci classe média, desculpa é verdade. Minha avó trabalhou pra caralho. Se mate”, o que você acha da galera que tá na cena com seus privilégios porém tentam esconder de alguma forma?

KS: Eu nasci classe média porque minha mãe e avó trabalharam muito, mas muito mesmo, pra que eu tivesse a infância mais confortável possível. Mas isso numa Curitiba, anos 80. Não entendo quem tenta esconder seus benefícios, muito menos quem ostenta o que mal tem. Eu optei pelo equilíbrio e assim funciona aqui, pra tudo.

PR: O que você procurou passar nessa letra e o que procurou na musicalidade dela?

KS: Meus raps não costumam ter temas específicos. Eu costumo falar de “tudo um pouco” na maioria dos sons. O refrão por exemplo é sobre uma guria que falou pro meu namorado que eu odeio ela, porém eu não sei nem quem ela é, óó que coisa louca! Fiquei pensando em como as vezes a gente foca no que nem existe e precisei falar disso. Um Trap melódico é perfeito pras minhas características como Mc, então explorei bem a “Fé Pra Tudo” e aproveitei pra gravar direto no autotune… Foi a minha primeira experiência gravar direto no efeito e eu adorei!

PR: Sobre o clipe, como foi o processo de criação e escolha da direção?

KS: O clipe foi sem querer! Eu fiz uma sessão pra capa do disco e fotos de divulgação com o meu time de sempre, que são meus amigos e durante o processo o pessoal me filmou, fez stories, e a gente colocou a música pra tocar, eu comecei a cantar e assim geramos um ótimo material, de forma totalmente despretensiosa… Eu que não sou boba, tratei logo de transformar tudo num clipe, bem trap, bem sujo e exagerado…E fiquei feliz pra caralho com o resultado!

PR: Em suas letras você vez ou outra traz o tema sobre padrão de beleza, estética corporal, como foi o processo de construção da sua autoconfiança e de que forma você acredita que seus sons podem trazer auto estima pra outras minas?

KS:: Autoconfiança é um processo de toda uma vida né… Mas quando ela se estabelece, você ganha uma força indescritível. E eu tomei essa ” função” dentro do Rap que é, diluir tudo o que possa me fazer sofrer, e consequentemente quem se identifica com a música que eu faço. Eu não acredito em padrões. Sempre vejo beleza nas coisas mais simples e normais, e então eu não posso aceitar um único ideal de beleza pra milhões de mulheres, milhões de pessoas. Somos únicos. Eu sou única e exijo: me deixa em paz com a minha barriga positiva aqui.. “Me deixa viver”!

Escute o novo disco de Karol de Souza

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