– por Carol Patrocinio (@carolpatrocinio)

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Auto estima. Amor próprio. Segurança. Auto compaixão. Se você não é mulher talvez não entenda o peso de todas essas palavras, mas se é mulher sabe bem do que eu to falando: o mundo conta pra todas nós uma história que faz com que a gente nunca ache que merece o que essas palavras podem nos dar. A gente também acha que nossos motivos sempre são pequenos, fúteis, femininos demais – como se o feminino fosse algo ruim. E, olha que louco, é aí que colocam mais uma amarra na gente.

A Karol de Souza juntou uma galera pra levantar um mantra: me deixa viver. Tão simples e tão amplo. Só deixa a gente viver, ser quem a gente é, se motivar pelo que a gente sabe que toca. E é exatamente aí que as coisas pegam: o mundo não aceita que cada pessoa é movida por algo totalmente diferente e a gente só quer ser feliz.

Fico pensando em como é foda ver uma mina questionando esse monte de coisa nas músicas. Há alguns anos, Karol teria que escolher entre ser uma mulher gostosa e extremamente sexual – se você leu isso em um tom ruim, desculpe, mas ele só existe na sua cabeça -, falar de assuntos sérios no pique da militância ou falar de grana, numa pegada mais gangsta. Que bom que é 2018 e que bom que chegou a hora da Karol ser ouvida.

Porque mulher é isso: a gente fala de grana, de amor, de tesão, corpo, medo e orgulho. Tudo junto, como se fosse uma coisa só. Pra gente, no fim, tá tudo ligado. Se não me sinto gostosa, talvez não consiga levantar a grana que preciso, mesmo que meu trabalho não tenha nada a ver com meu corpo. É sobre segurança, é sobre sentir que a gente tem valor. E a Karol faz isso muito bem – não só nessa música, diga-se de passagem.

O que mais gosto nos versos de “Me Deixa Viver” é que ela fala sobre ela. O tempo todo. Tá muito claro que ela conta uma experiência dela, que se liga com facilidade a minha e a de tantas outras mulheres, mas ainda é sobre ela. E por isso não dá nem pra criticar coisas que seriam fáceis da galera criticar: é sobre ela. E cada mulher tem a sua verdade, lembra?

As participações de Issa Paz e Sara Donato, que formam o Rap Plus Size, deixam o clipe ainda mais foda: talvez elas tenham sido as primeiras minas que eu vi rimando sobre corpo com uma pegada de militância contra gordofobia. E é lindo ver corpos gordos e diversos caminhando juntos.

Pra resumir, a música da Karol de Souza tem tudo pra virar um desses sons que tocam no rolê e as minas dançam juntas com aquele sorrisão no rosto porque estão falando de si mesmas. E o clipe só deixa isso ainda mais explícito: estamos todas lá, que bom.

*O clipe “Me Deixe Viver” foi produzido pela Ganga. A foto do single é de autoria de Barbara Jadeh.

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