O grupo Ordem Natural se junta ao Síntese para lançar um novo som, “Dia de Caça”. Com um ar nostálgico de rap do início dos anos 2000, a música traz scratchs do DJ Mako e foi gravada, mixada e masterizada por Lum nos estúdios ANTI.

A curiosidade é que a música começou a ser produzida em 2004 para o disco do Subsolo, terminando apenas 11 anos depois com o acréscimo do verso de Neto, do Síntese. “Essa música foi feita em 2004, para o disco do Subsolo. Por algum motivo ela estava lá até agora. Onze anos depois, num transformador encontro da vida, conhecemos o Neto. Juntos a desenterramos”, contou o grupo em sua página no Facebook. Neto inclusive recebeu um grande elogio por sua disposição. “Lançar essa música agora é para mim como ‘de volta para o futuro’. Não via tanta disposição em alguém como nesse “muleke” desde o Shaw, lá em casa, em Oz, que passava 3, 4 dias fazendo bases de fone de ouvido. É falar que tem trampo e ele parte de São José”.

Se liga na letra de

“Dia de Caça”:

Enquanto a impunidade toma conta da cidade
Eu venho me espremendo entre a realidade e o irreal
No bolso um real só em moedas
Vários pra aplaudir minha queda
Um descuido na sua vida e logo caem de paraquedas
Não sabem o quanto eu ganho
Já sabem o quanto eu devo
Falam das pingas que bebo
Sem ver os tombos que levo
As coisas que relevo são as coisas me elevam
A serenidade que me apego meus olhos não negam
Me querem em uma bandeja de prata
E farão o que puder pra lucrar até com a minha carcaça
Se o dia for de caça me garanto sem trapaça
Conheço a diferença de uma corda e uma gravata
E tem quem nasce de gravata e ainda se enforca
Vive cuidando da vida alheia e não se toca
Não consegue mandar uma rima que choca
Estoca amigo cujo interesse é nas nota
Ninguém me nota
Nisso nisso mudo minha rota com poesias em série
Enquanto o mundo as arrota só porque não as digere
Minha paciência se esgota
Comigo o caldo engrossa
Porque não me adapto ao cardápio de rótulos que a maioria ingere

Só desacata o que difere,
Não me insere nesse nicho, irmão, irmã,
Por onde man feri man.
Tento manter minha mente sã, coluna ereta,
Frente a quem me lança a seta.
Em dias onde pássaros voam e a gente não…
Dou asas a imaginação ao divagar a solidez desse saber,
Que e só sentir, e só seguir… Extensão daqui…
Mesmo com o vendaval limpei o quintal e eis-me aqui.
Mais um na massa, em outro pleno dia de caça,
Caço a mim mesmo,
Traço os passos dessa busca,
Até quando a penumbra ofusca, e erro o alvo.
Com a sola no piche eu sigo,
Eu comigo, minha mente e o melhor abrigo.
Vejo os que se vão, percebo,
A passagem é breve.
Meu caminho leva a verve.
Quem te escreve – Gestério.
Me apresento, parte do mistério,
Prazer, só me de a comida e me deixe crescer.
E sigo a saga da utopia do sonho que não é consumo,
Na verdade acho o conforto pro corpo torto que aprumo.
Tudo muda e ninguém nota,
Faz sua cota na corrida que faz esquecer da rota.
Me diz, qual seu rumo em Babylon?
Onde se cava a própria cova,
Quando um sente o quanto pesa o senso se põe a prova.
Assim que é…
O chão brota abaixo do pé, amigo…
Dei ouvidos ao silêncio e o vento fez todo o sentido.
Sopra…

Eu sou você, você sou eu
Toda fragilidade que enxerga em mim
Está contida em você
Nessa cê se fudeu
Mesmo canhoto, servimos aos mesmo Deus
Tão e nobres e plebeus não mudam em nada
Se o coração é duro e corta como a espada
A luz do breu é quem ilumina a caminhada
E todo chão de ilusão esvai…

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