A passagem do De La Soul pelo Brasil mais uma vez emocionou quem teve a chance de assistir aos shows. Mas se você não conseguiu participar dessa ou foi e já ficou na saudade, uma ótima oportunidade é assistir o documentário We’re Still Here (Now), que mostra um pouco do processo de criação do último disco do grupo, and The Anonymous Nobody.

Infelizmente, você só encontra o filme em inglês, mas vale o esforço pra tentar entender.

Talvez o novo álbum do De La Soul soe bem diferente do que você está acostumado, mas isso tem uma explicação simples: o grupo decidiu seguir um caminho musical mais orgânico, criando instrumentais a partir de improvisações musicais, não apenas como opção estética mas também para não precisarem passar por todo o processo legal de liberação de samples, que envolve advogados e, geralmente, muita dor de cabeça.

Outra diferença foi a forma que a grana do nome disco do trio foi levantada, ao invés do tradicional contrato com uma gravadora para criação e distribuição, o álbum teve a verba levantada pelo Kickstarter, plataforma de arrecadação online que viabiliza inúmeros projetos pelo mundo. Pra você ter noção do sucesso, o grupo conseguiu seus R$ 110 mil em menos de dez horas, um feito impressionante.

Durante a arrecadação, o grupo ainda teve a chance de se aproximar de seus fãs, já que algumas das recompensas para quem contribuia era sair pra comprar sneakers com com Pos, Dave e Mateo ou simplesmente dar um rolê pra trocar ideia. 

Você daria uma grana pra financiar o álbum de uma banda do coração e ainda ter a chance de interagir com seus ídolos? Se eu tivesse a grana, faria isso sem pensar duas vezes. E a experiência provavelmente teria sido mais intensa do que pagar R$ 100 para assistir o show do mesmo grupo.

Temas como a dificuldade de estar na estrada, a necessidade de pensar no que você vai arrecadar com sua música dão as caras no documentário, assim como a experiência que Maseo traz da época como DJ em Nova York transmitida para as apresentações do grupo, sempre começando o show com o máximo de energia e terminando da mesma forma. 

O documentário conta também com os depoimentos de Damon Albarn, que trabalhou com o De La Soul em participações nos álbuns do Gorillaz, e entra no detalhe da criação de algumas músicas como “Here in After”, que traz Dave introspectivo falando de fraquezas, sonhos, desilusão e um lado mais pessoal que raramente é mostrado no rap.

Assista o documentário We’re Still Here (Now):

Outro ponto alto é a parte em que o grupo fala do que os manteve juntos por 28 anos, a forte ligação que os torna uma verdadeira família, um feito para poucos grupos na história da música. Reflexões como as oportunidade de conhecer diferentes culturas e países que eles nunca visitariam se não fosse por meio de sua arte e do hip-hop, dão aos fãs do De La Soul um olhar íntimo nunca antes mostrado, além de flashes da performance do grupo no palco como o famoso momento “abaixa sua câmera e coloca sua mão pra cima!”.

Caso tenha se empolgado, aproveite para ver também De La Soul is Not Dead: The Documentary. Nesse outro documentário, uma visão mais geral do grupo, contando seu passado, histórias de seus discos e a brincadeira com o título do segundo disco, De La Soul Is Dead (De La Soul Está Morto), que algumas pessoas levaram a sério demais.


MAIS:
De La Soul + Fela Kuti = Fela Soul
#playlist Celebre o melhor de De La Soul

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

4 + 5 =