Todo ano, o Festival Batuque (e antes, o Indie Hip-Hop) traz um nome de peso do rap pra tocar no Brasil. Tocaram Jurassic 5, Mos Def, Q-tip, entre outros, porém este ano inovaram chamando o Deltron 3030. Um projeto do selo 75 Ark, entre o produtor Dan the Automator, o rapper Del (conhecido pelo trampo no Gorillaz) e o DJ Kid Koala (no show do Brasil será substituído pelo Rob Swift), que não é tão popular, muito menos de raiz na cena como os outros nomes já ditos.

Muito pelo contrário, o Deltron faz parte do que hoje chamamos de rap underground/alternativo e essa vertente tem como pilar desencanar dessa vibe do gangsta rap de “keep it real”, onde você só pode rimar sobre a sua vida no gueto. Esses caras ignoraram isso pra pirar em temas mais malucos que flertavam com sci-fi de quadrinhos ruins como o cyberpunk.

O disco de estreia do Deltron3030,que leva o mesmo nome do grupo e foi lançado em 2000, foi feito em pouco tempo, e os caras estavam mergulhados no conceito que Sun Há (jazzista fodasso – procure saber por ele) pirou: O Afro Futurismo, que acredita que os negros são alienígenas e, foram abduzidos da África e jogados nos EUA. Aliás, para quem não sabe o Funkadelic bebeu muito dessa fonte, diga-se de passagem.


Nas pickups DJ Kid Koala, seguindo por Del, e ao fundo Dan the Automator

Mas e aí: Qual a importância do Deltron3030 para o Batuque trazer os caras?

Simplesmente porque eles fizeram o que o rap faz desde o início: Ajudaram a quebrar preconceitos! Pois você não precisa ser um negro da quebrada pra rimar. Um japonês e um negro, que fumam maconha e jogam videogame, podem rimar também.

E o mais legal é que apesar do Deltron 3030 ser futurista, o flow do Del é totalmente oldschool, o conceito principal do disco é algo antigo, e juntos eles provam que o rap só evolui mesmo quando quem está fazendo conhece a raíz e consegue filtrar o que já foi feito, onde parou, para levar a cena adiante.

Por isso qualquer cara que se diga fã de rap, ou membro atuante do hip hop, tem como dever moral ir no Batuque (no festival, os caras vão estar acompanhado de uma orquestra composta por 19 músicos!) e entender os fundamentos do que chamamos de rap alternativo.

fotos por Andrew CarverRenaud Philippe

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