image

Quem acompanha o MC Nego E nas redes sociais, já havia sacado que seu próximo trabalho estaria conectado com o sensível momento do homem e da mulher negra na sociedade brasileira. Entre operações da Polícia Federal, delações e impeachment, muito pouco ou quase nada mudou para quem tem a pele preta. Na verdade, muito pelo contrário. Por todo o Brasil, a polícia aumenta seu uso de força e, verificando os números, a população negra ainda é a mais lesada.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), pessoas negras ou não-brancas (pardas) têm 147% a mais de chances de serem vítimas de homicídios em relação a indivíduos brancos, amarelos e indígenas. Quando o assunto é homicídio, dos 30.000 jovens vítimas de assassinato anualmente, 77% são negros, segundo pesquisa da Anistia Internacional. Tendo isso em mente, quando você lê ou ouve que há um extermínio da população negra, não parece mais um exagero.

Por todo o mundo, e especialmente nos Estados Unidos, iniciativas surgem como um levante contra essa violência crescente. Movimentos como o #BlackLivesMatter, iniciado por três mulheres negras (Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi) após o assassinato do jovem Eric Garner por policiais, ganham força a cada dia e começam a gerar frutos, como o protesto iniciado pelo jogador de futebol americano do San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, que tem ajoelhado durante o hino nacional e recebido apoio de atletas de esportes diversos por um lado e ofensas e críticas de outro, principalmente por parte de americanos brancos.

No Brasil, iniciativas como o Jovem Negro Vivo, campanha da Anistia Internacional Brasil, e manifestações individuais ganham força como as realizadas por artistas como Emicida, no clipe de “Chapa”, e agora Nego E com “Lua Negra”

Entre relatos que mostram o reflexo de um país escravocrata, do medo de uma pessoa da pele preta ao ver uma viatura policial (e tendo em mente que é considerado um suspeito padrão), além da falta de referenciais na mídia, o vídeo, em p/b, se preocupa com a estética e entrega um belo resultado, fruto do trabalho do coletivo MOOC​, formado por artistas negros e negras das artes visuais.

Dirigido pelo próprio artista, o clipe conta também com a participação de grandes nomes como do DJ KL Jay, do candidato a vereador e integrante do coletivo Sistema Negro, Márcio Black, e das MCs Soffia e Drik Barbosa. A música “Vidas Negras Importam”, produzida por GROU, fará parte do próximo álbum de Nego E, Oceano, que tem previsão de lançamento para outubro.

Assista:

Ficha Técnica

Vídeo
Direção: Nego E
Captação e Ass. Direção: Alexandre Menezes
Direção de Arte: MOOC
Direção de Fotografia: Catarina Martins Tenório
Idealização e Roteiro: Artefato Produções, M.O.O.C
Figurino: Suyane Ynaya/Acervo Pessoal
Produção executiva: Beatriz Natália
Participações: KL Jay, Nérida Cocamáro, Marcio Black, Drik Barbosa, Kelen Lima, Neomisia Silvestre, MC Soffia.Crianças: Niara, Maya, Lara, Mara, Sheila.
Agradecimentos: Aretha Sadick, Deivis Mariano, DJ Faul, Felipe Rude, Gabriela Benta, HF7, Levi Novaes, Moah Buffalo, Oga Mendonça, Raphael Fidelis, Tulio Custódio, Vinni Tex, 4Life

Música

Autores: Nego E, GROUVoz: Nego EGravado no Family Mob Studios e Artefato Produções

MAIS:
Assista Faça a Coisa Certa, de Spike Lee
5 textos para entender “Boa Esperança”, de Emicida

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

dezesseis + nove =