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O rap é o gênero musical atualmente mais ouvido no mundo. Mas de tempos em tempos, algum grupo ou MC precisa relembrar dos pilares dessa arte, englobando também os conceitos da cultura hip-hop. E não é querer colocar regra, não. É ressaltar a importância da festa, mas também de contestar o sistema, apontar injustiças que ocorrem na sociedade, enaltecer a cultura negra, que deu origem a tudo isso, nunca baixando a guarda e permitindo rap reaça ou um verdadeiro sumiço da opinião de MCs, que sempre foram reconhecidos por serem os primeiros a colocar o dedo na ferida.

E é exatamente essa exaltação e homenagem ao hip-hop, e principalmente ao rap, que Arnaldo Tifu traz em #RAP 1997. O ano em destaque marca o início do MC na arte da rima, além do skate, o pixo e o graffiti. “Todos eles me levaram para fora do meu bairro e me ensinaram as vivências das ruas e a militância na posse negroatividade. Elas me trouxeram consciência e uma visão mais politizada da arte e do hip-hop em si, me ensinaram a lutar por causas sociais. Essa é uma característica forte do ABC por ser uma região onde a luta sindical e política tem bastante embasamento”, conta.

O disco começa pesado, a toque de caixa, com “Pronto Pra Batalha”. Nela, Tifu fala de autoestima, de defender suas ideias e sua própria identidade em um mundo que faz questão em nos colocar pra baixo, além de buscar forças pra encarar as lutas do dia a dia. “É também uma autoafirmação de que desde quando subi na mesa da professora para mandar minha primeira rima ao vivo eu estava pronto para a batalha”, relembra.

Na sequência, “O Rap Salva” traz o MC dividindo o microfone com Malokero Anônimo, soltando o verbo em um beat com atmosfera sinistra criada por Nixon Silva, que assina a produção musical. É nessa faixa que o conceito de que o rap resgata pessoas, seja do caminho do crime ou das drogas, como da própria ignorância, se revela com mais força, pois mostra que mais que um gênero musical, cria também consciência em quem não a tem e faz crescer o senso crítico.

“Rap Toda Hora” chega como uma verdadeira ode ao rap, prestando homenagem a diversos nomes, de Racionais MC’s até Criolo, passando por Rimas e Melodias, entre outros tantos. “Não Azeda o Limão” por usa vez vem pedindo respeito aos manos e às minas, contando com a presença de Avante o Coletivo, e contestando o tal “rap nutella”, que segundo o próprio Tifu, diz respeito aos rappers “que não têm as vivências da cultura de rua e embarcam nessa apenas pelo game e muitas vezes prejudicam (a cultura) tratando mulheres como objeto sexual”.

O trabalho se encerra em grande estilo com “Hip Hop Pulsa”, um boombap que estende a homenagem ao hip hop, mais que uma cultura, um estilo de vida: “eu sou hip-hop e o hip-hop é vital para mim”, finaliza Tifu.

Resumindo, o EP é coeso, se apega a um tema e promove um mergulho sincero, fácil de assimilar e com muita qualidade. #RAP 1997 é o primeiro episódio de quatro lançamentos de Arnaldo Tifu, que preferiu fragmentar um álbum que teria 20 faixas em que conta suas histórias e trajetória no rap.

Quem não conhece o trabalho do MC, que inclui A Rima Não Para (2009), A Rima Nunca Para (2013) e Dias Que Resolvi Cantar (2015), ouvir #RAP 1997 é um ótima forma de dar início.

OUÇA #RAP 1997

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