por  Eduardo Ribas (@duardo)

Eu era moleque, mas lembro até hoje com tristeza o dia da morte do eterno Mestre do Canão, Sabotage. Eu trabalhava no HSP, hospital em que ele foi levado em uma tentativa vã de salvar sua vida. Enquanto fãs e curiosos aguardavam ansiosos por notícias de Sabota, acumulavam na fachada do hospital a nata do rap nacional, entre eles Mano Brown e seu afro de respeito, na época. Não tinha como ser marcante.

Mais uma vez, na mesma semana, descobri que uma das amigas que estudava comigo era parente do Sabota, já nem me lembro em que grau, e ela estava totalmente abalada. Contou detalhes do que aconteceu, mas o que prevaleceu na conversa foram as passagens alegres e engraçadas da história do mestre, que tocou a vida de todo mundo que conheceu.

Anos depois, ganhei de um parceiro um dos presentes mais queridos: Rap É Compromisso (2000), em vinil. No momento em que peguei o disco na mão, veio o arrepio e a certeza de ter em mãos uma relíquia. Apesar de ter sido presente, tenho certeza de que o parceiro se arrependeu de abrir mão de tamanha preciosidade – sorte a dele que tivemos uma nova prensagem!

E assim como grande parte dos amantes do rap, aguardei ansioso pelo segundo disco do Sabota, que teimou em sair. Mas eu entendo, quem sou eu pra reclamar? Se a gente espera 10 anos o disco do Racionais MC`s, que estão aí, firmes e fortes na ativa, aguardar 13 anos pelo disco póstumo do eterno Sabotage é moleza. Esse merece o aguardo!

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Sabotinha e Tamires, filhos de Sabotage, levam o legado adiante (Divulgação)

No primeiro minuto dessa segunda-feira, um amigo já compartilhava no Facebook o link do novo disco no Facebook. Eu já estava cansado, o dia tinha sido puxado e a noite estava quente demais. A lua, não uma comum, uma super lua iluminava o céu e dava um tom especial, mítico, que anunciava uma bela e sonora segunda-feira.

O lado bom desse lançamento é que o dia já começou com Sabota nos fones de ouvido. Além do disco, que hoje é com certeza a trilha sonora de muitos manos e minas, uma audição especial será feita para poucos, e que tivemos o prazer de ser convidados, no centro de São Paulo.

Mas como não poderia ser diferente, o evento poderá ser visto por qualquer fã do Sabota, em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, na página do Spotify.

Link da transmissão ao vivo do evento:
https://www.facebook.com/events/165639770554979/

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Sobre o disco

Difícil falar de um disco que, na primeira, segunda, terceira vez ainda mexe com os sentimentos e emociona demais. Não teria condições de dizer gostei, não gostei, minha preferida é essa ou aquela, mas se emocionou, já cumpriu sua função de honrar o mestre Sabotage.

O álbum tornou-se realidade pelo esforço de familiares, amigos e parceiros musicais que souberam aproveitar bem as inúmeras gravações do MC. O mais curioso é a conexão com nosso atual momento, como se Sabota fosse um visionário ou, no mínimo, alguém muito conectado com a realidade.

O disco presta uma bela homenagem trazendo os filhos de Sabotage, Sabotinha e Tamires, na faixa “Mosquito”, produzida pelo duo Tropkillaz, que pode destoar num primeiro momento, mas apenas reafirmam o jogo de cintura do Mestre do Canão. Recheado de participações, vemos Funk Buya, Rappin Hood,  DBS Gordão Chefe, Lakers e Pá, Negra Li, DJ CIA, Fernandinho Beat Box, DJ Nuts, BNegão, Céu, Sandrão (RZO), Dexter e direção musical do trio Rica Amabis, Tejo Damasceno, (Instituto) e Daniel Ganjaman.


MAIS:
Empolgados com o lançamento, a equipe do Per Raps criou também uma playlist com um top 10 do Mestre do Canão no Spotify, que ainda não conta com as músicas novas. Ouça sem moderação!

Clique e ouça:
https://play.spotify.com/user/perraps/playlist/2jTMPLVsVvcagYlZlzD55p

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