“O Kl Jay falou pra Tasha que a gente tinha que fazer a arte que queríamos no Hip Hop

Conta Tracie em entrevista ao Per Raps

As gêmeas geminianas, Tasha Okereke e Tracie Okereke, 23, paulistanas, são DJs, estilistas, diretoras de arte, produtoras culturais, blogueiras, ativistas periféricas  e recentemente divulgaram o primeiro trampo solo como Mc’s.

O single ‘’Cachorraz Kmikze’’, lançado em Junho/19 pelo selo Ceia Ent contou com produção musical da Ashira e já surpreende pelos números alcançados desde seu lançamento.

‘’Tá indo melhor do que esperávamos, curou nós 3 da nossa frustração’’ conta Tracie. As irmãs saíram entre as 13 artistas Brasileiras do Rap mais ouvidas mundialmente no Deezer, com seus dois trabalhos ‘Pjl: Pelo Menos uma Vez’ e ‘Cachorraz Kmikze’.

Tracie conversou com Per Raps sobre suas influências musicais, o machismo no rap, o coletivo MPIF e muito mais.  Confira!

Per Raps – Chamando atenção para o verso: ”Ou nós escrevia um rap ou nós virava mulher bomba”  Vamos direto ao ponto: o que levou vocês a expandirem a criação artística para a música?  

Tracie – Então, na real a gente sempre escreveu, música, poema, texto. Desde criança e a gente sempre criou tudo isso mas como respeitamos a cultura demais às vezes a gente pensava só em ter o máximo respeito, como o meio é machista a gente ficava meio pá de virar Mc do nada (como se todo mundo não tivesse que começar pra virar algo) mas todos os homens no meio sempre transitaram tranquilos nas artes dentro do Hip Hop e quando o Kl Jay falou pra Tasha que a gente tinha que fazer a arte que queríamos no Hip Hop porque nós somos o Hip Hop e que ganhar dinheiro com isso tá tudo bem ainda mais porque somos pesquisadoras da cultura a gente se tocou que podia e devia se expressar das formas que quiséssemos e usar como ferramenta pra tocar pessoas…

Confira o clipe “Cachorraz Kmikaze”, de Tracie e Tasha

PR – Por quem você foi influenciada musicalmente desde cedo? 

T: Então essa lista é muito longa e eclética a gente vai de Prince, Gap Band S.o.s band a cena da west coast, dirty south , dogg pound, treach, Foxy Brown, pagode, funk… forró, musica jamaicana também inspira a gente demais somos geminianas e incapazes de escolher uma só coisa kkkk

“A gente sempre cantou muito e viveu à base de música, nos momentos mais pobres, sem comida, a gente tinha música.”

PR – Qual foi o gênero que te empurrou para fazer música? 

T: Todos os ritmos da diáspora africana, gente preta de todo mundo e de todas as épocas a gente achava jazz gangsta, as músicas que tocavam na quebrada, axé, espaço Rap , funk era tudo pra gente… a gente sempre cantou muito e viveu a base de música, nos momentos mais pobres, sem comida, a gente tinha música, triste a gente tinha música, a gente sempre brisou muito música e pesquisou muito…

PR – O que é o MPIF e quem são as 4 pretas? 

T: MPIF é Mulher Preta Independente de Favela, um coletivo de mulheres negras e faveladas que deram seu jeito de não ter mais chefe (rs). O que a gente visa é falar sobre a autonomia geral da mulher negra favelada, as 4 pretas são Aniele Unai, Valerie Anaua, Tasha e eu Rouffff

PR – O ”Cachorraz Kamikaze” foi o primeiro single do projeto Roufff, certo? Pode contar um pouco mais sobre ele?

T: Sim, e ta indo melhor do que esperávamos, curou nós 3 da nossa frustração com mundo e trabalho… o Ep Vai ter 5 faixas acho, nunca se sabe pq as vezes a gente cria pouco, as vezes muito rs ele vai sair antes de outubro e sai com uma surpresa, vai mostrar nossa essência e todos os beats e letras a gente fez convivendo e se ajudando então ele vai ser muito Tracie Tasha e Ashira.

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