Caminho longo em curto espaço de tempo. A comunicação do rap com seus adeptos sempre encontrou arestas no alcance trazendo pensadores novos sempre focados no novo. Em épocas em que esses espaços foram abertos em todas as partes do mundo onde se consumia rap, o freestyle se fez presente. Desenvolvimento das técnicas de rima feitas pelos jovens veio desde cedo, desde os anos 90 – e no Brasil não foi diferente. As batalhas de freestyle na porta do Class, nos points de pixo, bem que fortificaram as reuniões na porta do metro Santa Cruz e Rinha dos MCs; as noites da Batalha do Real na Lapa carioca, enfim, vocês sabem e lembram!
Muitos dos grandes liricistas saíram desse celeiro – Mos Def, Talib Kweli, Jay-Z até Pac e Biggie, inclusive. Max BO, Kamau, Aori, Emicida e Rashid em solos brasileiros. Muita gente se exercitou e desenvolveu sua arte nas batalhas de rima, transformando o freestyle em uma subcultura dentro do hip hop. Meninos que atravessavam toda a cidade para expor suas ideias e dar vazão a sentimentos e obra. Bonito lembrar todas as batalhas históricas que assistimos – tanto em vídeo e principalmente as que estivemos presentes. Quantas, não?
O que mudou (e de fato, melhorou) até aqui? O acesso às tecnologias para lançamento de músicas, áudio e vídeo. Artistas finalizam trabalhos dentro de casa, divulgam, fecham shows, criam merchandising e falam com os fãs. A internet é uma via mais rápida que as casas noturnas e os pontos de encontro para descobrir novos talentos. E quando digo artistas, não só os da rima – fotógrafos, videomakers e pessoas que sabem contar as histórias da melhor forma acompanham os passos do rap nos últimos 20 anos. No Brasil em especial, um molde de obra veio aumentar de forma tardia, o tal do cypher.
Há de se fazer justiça quanto ao cypher. Além de ser uma modalidade digamos antiga, artistas que fazem parte do mesmo selo ou banca o vendem sendo na verdade tratar-se de um posse cut. Mas, calma, a gente explica legal aqui.
O fluxo de lançamentos só cresceu no mundo todo e o acompanhamento nessa curadoria veio junto. Como ajuda ou norteamento de destaque (além da crescente participação ativa do público em resposta ao impacto que a música gera) surgiram os reacts, vídeos onde são levantados alguns destaques de tema, métrica e linguagem visual dos artistas. E hoje o impacto do veredito do vídeo de react ser direto no aumento ou não de alcance de público para o artista, maluco isso, né?