Conversamos com a cantora e produtora Ashira, que, após participar de diversos grandes trabalhos lançados nos últimos anos, se prepara para lançar seu EP Solo.

Nascida e criada em Diadema, SP, Carolina Costa, de 24 anos, é mais conhecida como Ashira, nome que vem circulando desde 2016, quando participou do álbum Castelos & Ruínas, do BK‘. Nos anos que se passaram, ela também participou e produziu a faixa “Cachorraz Kmikaze”, com Tasha e Tracie, pela Ceia ENT, além de participar como backing vocal na música intro do novo álbum do Febem, Running.

Entre produções e participações em trabalhos de outros artistas, Ashira amadurecia o seu trabalho solo. Agora, em 2019, ele ganha vida.

No clipe de Cachorra Kmikaze, ela aparece na introdução, e quando todos se perguntavam qual era a música dos primeiros segundos de clipe, ela meticulosamente lançou seu primeiro single: “Te dar”. 

Uma faixa R&B crua, apaixonada e sedutora. “Não precisa de jogo eu só quero te amar” – ela afirma. Fascinante do início ao fim, o novo single do Ashira é impossível de recusar.

Aperte o play para escutar o som da Ashira e confira essa entrevista exclusiva com Ashira:

PerRaps: A faixa ”Te dar” é o retrato perfeito de uma mulher bem resolvida. De onde você tirou essa mentalidade e confiança, ou foi uma jornada mais difícil? 

Ashira: Com certeza foi e continua sendo uma jornada. A confiança existente em “Te Dar” é a junção de experiências de insegurança e medos que tiveram de ser superados, fazendo com que eu passasse por um processo de auto conhecimento onde adquiri maior domínio sobre minhas vontades, emoções e capacidade de decisão. Acredito que a nossa auto-estima afeta diretamente na nossa capacidade de decisão, nos dando maior ou menor confiança em nossos atos, é importante saber que nenhum processo evolui sem que algo seja decidido, pra me tornar uma mulher bem resolvida então precisei eliminar essa crença de que decidir é algo difícil e entender que minha opinião é importante para mim mesma, para os objetivos que desejo alcançar e para me tornar quem eu quero ser. Então depois que comecei a de fato decidir as coisas ( e isso inclui saber dizer não), consegui me sentir muito mais confiante e ligada ao meu eu interior, evoluindo assim como mulher.

Ashira te_dar
Foto: Acervo pessoal

PerRaps: Quando você percebeu que queria começar a fazer música?

Ashira: Não sei bem dizer quando percebi, pois desde que aprendi a falar eu canto, e sempre me vi como alguém que estaria num palco um dia e mesmo cedo, sem saber como fazer música eu já sabia que em algum momento isso faria parte da minha vida. Foi ouvindo muita música e pesquisando coisas novas que a vontade de entender e criar surgiram, ouvi muito Erykah Badu na adolescência e isso me inspirou a criar minhas primeiras composições.

PerRaps: Você tem diversas participações em músicas e agora lançou o single. Tem planos para um projeto em breve?

Ashira: Sim, tenho projetos em processo para serem lançados em breve. Atualmente venho trabalhando na produção do EP Rouff, projeto formado por Tracie, Tasha e eu, onde abordaremos temas voltados principalmente à mulher periférica, é sobre nossa vivência.

Além do Rouff, em seguida sai meu primeiro EP solo, mas sobre esse processo ainda é surpresa (risos).

PerRaps: Como você entrou no mundo da música?

Ashira: Eu penso que o mundo da música entrou em mim, pois não tem como sair da música, por mais que você se aposente, não trabalhe ou se apresente mais, alguém sempre vai se lembrar de você por algum som, ou pedir sua opinião pra criar algo, ou você vai estar andando na rua e simplesmente criando melodias sem que perceba em sua cabeça. Mas, de fato, estou no mundo da música e isso ficou evidente pra mim quando amigos do rolê do rap (batalhas e festas) começaram a me convidar para cantar em seus eventos depois de terem ouvido meus covers da Erykah Badu no SoundCloud.

PerRaps: Como descreveria seu próprio estilo?

Ashira: Uma alma velha num mundo novo buscando revelar belezas internas inexploradas. Sou clássica, mas gosto muito de trazer algo antigo com uma roupagem nova, procuro sempre explorar detalhes que passam despercebidos por olhos e ouvidos, então sempre trato de assuntos ”simples” com profundidade, procurando outros ângulos que o tornem complexo o bastante para ser interessante. Gosto de aspectos minimalistas e naturais, onde tenha espaço para que um detalhe seja ressaltado, fazendo com que o enredo seja notado alem do comum, por isso a maioria das musicas que escrevo são lentas e sobre questões internas, gosto muito de me expressar através do soul e R&B.

Baby, eu posso ver sua alma me tocar
Seus olhos são fogo, eu quero queimar
Nossa brisa é densa, tão particular
Não precisa de jogo eu só quero te amar

“Te dar” – Ashira

PerRaps: No final do clipe você comentou: “A minha família toda, a maioria é mulher eu fui criada só pela minha mãe e eu fui criada com aquilo de: Não existe pra mim uma coisa difícil, uma coisa que não dá para fazer. Se é difícil, você vai lá e resolve, você vai lá e faz” Você pode falar um pouco mais sobre isso? Como as mulheres da sua vida te influenciaram artisticamente?

Ashira: Vim de uma família muito humilde. Particularmente em casa passamos muitas necessidades durante o período da infância, mas sempre vi minha mãe e minha avó batalhando muito e resolvendo qualquer problema que pudesse aparecer, e sempre demonstrando energia e muita força. Então cresci com ideia de que eu podia fazer qualquer coisa, mesmo que isso fosse difícil. Olhar minha mãe e minhas tias me inspirou sempre a querer enfrentar desafios e isso refletiu na maneira que crio minha arte, sem medo de assumir riscos e desafios. No final, encarar uma nova dificuldade é o que me instiga a fazer arte cada vez mais.

Acompanhe Ashira (@ashira_a_outra) no Instagram e fique por dentro dos próximos lançamentos.

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One reply on “Após parceria com Tasha & Tracie, Ashira prepara seu vôo solo”

  • […] A personalidade mais durona do MC e suas inseguranças camufladas sobre os bem materiais são desconstruídas ao longo dessa narrativa. Pessoalmente e profissionalmente, DonCesão teve que abandonar sua figura singular e abrir os braços para outras pessoas. Essa conscientização inicia com a criação do selo Ceia Ent, pois, no papel de empresário, se responsável pela carreira de vários artistas. […]