‘Grime’ é um gênero musical baseado na ‘dance music eletrônica’, que se originou em Londres no início dos anos 2000. Nasceu de gerações anteriores de música eletrônica do Reino Unido, e possui a essência de dancehall, ragga e hip-hop. O estilo é formado por rápidos “breakbeats”, geralmente em torno de 140 bpm, e possui um som agressivo (e eletrônico), descompassado, sem seguir regra ou ritmo fluído. O rap é um forte expoente do estilo, e a lírica gira em torno de representações cruas e assombrosas da vida urbana.
O gênero tem sido considerado como o “gênero musical mais importante no Reino Unido há décadas”.
O grime se ramificou entre estações de rádio piratas e diversas cenas underground antes de alcançar algum reconhecimento no “mainstream” no Reino Unido em meados dos anos 2000. Apoiado por nomes como Lethal Bizzle, Wiley, Dizzee Rascal, e Kano. Outros artistas grime que possuem destaque incluem: Jme, Ghetts, P Money, Skepta, The Streets, Stormzy, entre outros. Em meados da década de 2010, o grime começou a receber atenção popular no Canadá.
O Grime no Brasil
O gênero vem se fortificando mais e mais na cena musical brasileira, com destaques como FEBEM, Fleezus, Vandal, SD9, KBrum, Turistas de Guerra, 03 Noxio, entre outros. Um projeto que vale ser destacado para melhor entendimento dessa acensão desse estilo, é o Brasil Grime Show. O canal que já conta com quase seis mil inscritos até o momento apresenta rappers largando rimas no estúdio ao som do gênero londrino no melhor estilo do projeto “A COLORS SHOW”, feito pelo canal COLORS.
Canções como “É Memo, Mestrão?”, de Febem e Don Cesão, “UEFA”, de Fleezus e Febem, “Headshot”, de Vandal e “Muito Bem Feito”, de Well e Djonga, trouxeram maior atenção ao grime no Brasil, originando maior base de apoio e de fãs, o que nos leva à cena de 2019 que conta com forte presença do gênero do Reino Unido.
Dois artistas brasileiros que vêm chamando muito a responsabilidade de enraizar o grime na cena brasileira, são Fleezus e LEALL.
FLEEZUS
Fleezus lançou recentemente seu EP intitulado “Ruas”, e o nome faz jus ao conteúdo. Trazendo feats que se encaixaram muito bem, o projeto é uma “vivência sonora” da vida noturna e do corre de quem está pelo lado certo, sustentando o peso das responsabilidades, das desavenças, do trabalho puxado, tudo isso sem deixar de lado a ostentação nas rimas que rasgam os ouvidos sendo venenosas e ao mesmo tempo muito diretas.
O EP soa muito original, e apesar de curto, não deixa a desejar em nenhum momento. É um marco na carreira promissora de Fleezus, que sempre mostrou empenho e qualidade em seus singles e clipes.
LEALL
Leall chamou a atenção com a track chamada “Cachorrada”, que conta com mais de 420 mil visualizações no YouTube. Como se um hit não fosse suficiente, o rapper engrenou o grime em sua sonoridade com a explosão de “MODA SÍRIA “Anti Adidas”, que em menos de um mês já conta com quase 260 mil visualizações.
Estrategicamente falando, Leall teve a genial ideia de misturar a moda do momento no Brasil que é a ostentação de camisas de time e se unir à uma “guerra de marcas” que envolve duas das maiores marcas do mundo da moda: Nike e Adidas. Em um beat totalmente envolvente e denso, o rapper se autoafirma e porta peças da Nike como luvas, camisetas e tênis junto à seu time no videoclipe da música, chegando até mesmo a queimar peças da marca rival, Adidas.
Podemos esperar que, assim como Fleezus, Leall continue sendo um dos principais expoentes da musicalidade originaria britânica em solo brasileiro.
Expansão do estilo
O gênero vem se proliferando cada vez mais, e em uma cena onde muitos já julgam como “repetitiva”, no caso do Trap. Talvez, em alguns anos, o grime venha a ter o mesmo patamar do que está em evidência no mainstream do hip-hop atualmente, com artistas sendo reconhecidos e nos trazendo projetos exuberantes com uma sonoridade que ainda não foi explorada totalmente nos dias atuais no país. Nomes como FEBEM, Fleezus, Leall, Vandal, SD9 e muitos outros citados anteriormente prometem elevar um novo patamar no cenário, trazendo outros artistas que serão revelação trazendo feats mágicos.
Dica Per Raps: Acompanhe a playlist “GRIME BR”, do Brasil Grime Show, no Spotify e no Youtube. A seleta conta com curadoraria de Antônio Constantino, mais conhecido como ANTCONSTANTINO, e apresenta nomes promissores e artistas que já deixaram sua marca desde projetos anteriores.
One reply on “O Enraizamento do Grime no Brasil”
[…] para mandar um salve também para o enraizamento do grime no Brasil. Tomara que apareçam logo colaborações com imigrantes africanos, e de outras procedências, que […]