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– por Daniel Maizza (@danmaizza)

A internet BR produz os melhores memes do mundo e tem uma capacidade de viralização que deixa microorganismos proliferadores de gripe com inveja.

A thread de algumas semanas atrás foi a de um vídeo gravado no SOLD OUT (antes de mais nada, quero deixar claro que é um evento muito legal e vale a pena colar quando tiver), uma espécie de outlet e resell de sneakers caríssimos e trocas de artigos de streetwear. Nada de novo no país do golpe.

O que chocou a molecada foi um vídeo que poderia andar de mãos dadas com o Rei do Camarote ou com aquele cara que falou pro garçom lavar os pés dele com Veuve Clicquot. O famoso “Quanto custa o look?” – que é algo bastante comum nos instagrams e youtubes da galera sneakerhead gringa.

Daí pra baixo, o bagulho virou texto na Vice, e por onde passou, deixou um rastro de comentários de repúdio (e com certa razão), que foram desde “gastam toda essa grana pra se vestir mal” ou “galera que nunca trabalhou na vida, gastando dinheiro do papai”. E o vídeo ainda tem uma parte 2 pra você dar uma gorfadinha risadinha bonus track.

No cerne da questão, também devo ser um desses manos que se “vestem mal”. Não sou nenhum expert entendidão, mas gosto muito da cultura sneaker, porque geralmente tem a ver com música, esportes, principalmente basquete, skate e futebol e até movimentos sociais. Mas, infelizmente, nesse contexto, virou só fetiche de gente rica. E é onde quero chegar.

Ostentação de pano caro, sem essência e sem estilo.

Cada um gasta o que tem do jeito que bem entende e ninguém tem nada com isso. E ninguém precisa demonizar quem é ~~bem nascido.

Olhando por cima (até porque não sou nenhum consultor de estilo ou analista de cu alheio) e de forma BEM superficial e generalizada, o que se vê é uma molecada majoritariamente branca, rica e formada por adolescentes carente de referências, mas que copiam o estilo da boleirada ou daquele rapper feat. do momento, mas entende porra nenhuma de nada. Tem BASTANTE grana pra consumir e começaram pelo caminho mais fácil.

A questão está na essência que, nesse caso, não tem diferença nenhuma pro playba gastar basicamente o mesmo na Abercrombie (ou qualquer outra loja que veste seus consumidores como um cosplay do Jão Dóla, o prefeito retirado).

Ou a paty cor-de-rosa-que-ganha-mimos e deixa um bolinho de nota numa bolsa MK ou num Louboutin, ambos comprados naquela passadinha em Miami, só pra pagar de influencer de Instagram.

Tá, mas, e o quico? Vareia.

Usa seus pano aí e fica de boa.

Amo meus boot chavoso e vou defendê-los, mas quando vejo esse tipo de coisa rola aquela sensação de mini-gorfo sabor leite com limão.

Longe de me colocar acima do bem e do mal, até porque sou ninguém nessa cena, conheço pessoas do rolê que estão cagando pra nova ~colorway do YEEZY Boost ou que não têm nenhum pano da ZZzzzSupreme. E é uma galera bem foda, de todas as idades e etnias, tr00 pra caralho.

Não há problema nenhum em se vestir palosão, inclusive, e embora não pareça, essa pode ser até a porta de entrada pra que essa galera venha a se interessar pela cultura envolvida, não só usar o look do Justin Bieber da semana passada.

Ou mesmo, perder o medo de colar em um rolê de rap com seu look de 15 conto, achando que vai ser tomado.

Só um toque: tenha noção que, no contexto geral de onde a gente vive, você estará passando vergonha.

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