Após rodar festivais, documentário sobre rapper Yzalú chega à internet

“Na quebrada, as minas são feministas sem saber que são. Eu sou feminista por condição mesmo, por necessidade, não é por opção, tá ligado? É que eu tenho que ser sagaz, e essa sagacidade se transforma em um feminismo”

afirma a rapper em seu documentário. 

Depois de uma temporada em importantes festivais de cinema, o documentário curta-metragem “Yzalú – Rap, feminismo e negritude” chegou, enfim, à internet, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, data em que celebra também quatro anos de seu primeiro álbum, “Minha Bossa É Treta”.     

“Yzalú – Rap, feminismo e negritude” é um documentário independente que mostra a jornada de Yzalú enquanto rapper, mulher, negra cafuza de pele clara, com limitação física e oriunda da periferia, das margens da Grande São Paulo, na descoberta do feminismo e na luta contra o racismo por meio de sua música, destacando especialmente a canção “Mulheres Negras”, que se tornou um grito para muitas mulheres negras. 

Depois de rodar festivais no Brasil e no mundo, documentário Yzalú - Rap, feminismo e negritude (dirigido por Inara Chayamiti e Mayra Maldjian) chega ao Youtube. Assista!

A trajetória da rapper é digna de um filme. Ela está desde 2004 no corre da música, frequentando ambientes de rap e se destacando por carregar seu violão, que até então não era um elemento comum dentro do ritmo – pelo menos não no Brasil. Não à toa, Lauryn Hill foi uma inspiração na união destes dois mundos.

Desde então, Yzalú tem alcançado diversos ambientes de debate através de suas letras, que abordam questões sobre sua condição como mulher negra periférica, de maneira interseccional. Rodas de conversa, universidades, escolas e sindicatos são alguns destes lugares. 

“O feminismo, para mim, era um assunto de elite, sabe? Até porque, na quebrada, as minas são feministas sem saber que são. Eu sou feminista por condição mesmo, por necessidade, não é por opção, tá ligado? É que eu tenho que ser sagaz, e essa sagacidade se transforma em um feminismo”

afirma a rapper em seu documentário. 

O curta retrata alguns dos momentos importantes da trajetória da artista, como o processo de composição do som “Mulheres Negras” pelo Eduardo Taddeo, do convite feito pelo Dj Bola 8 (Realidade Cruel) para se apresentar com eles, do lançamento de seu álbum “Minha Nossa é Treta” em 2016, e da apresentação do Manos e Minas junto com o Projeto Nave. Possui duração de 19 minutos e vale a pena conferir. 

Dirigido por Inara Chayamiti e Mayra Maldjian, o curta foi selecionado por oito festivais entre 2018 e 2019 no Brasil e no mundo, entre eles, o Festival International Du Film Sur Le Handicap (França) e a Mostra Itinerante Livre de Cinema e Mostra Internacional Audiovisual Curta O Gênero. O filme também foi premiado pelo projeto CineB Solar, um circuito itinerante que leva o cinema a comunidades e universidades de São Paulo.

Assista Yzalú – Rap, feminismo e negritude

FICHA TÉCNICA
Direção e produção: Inara Chayamiti e Mayra Maldjian
Direção de fotografia: Inara Chayamiti
Som direto (entrevista e performance): Flavio Guedes 
Montagem e finalização: Inara Chayamiti
Produção Yzalú: Camila Vaschi
Beleza: Letícia Rocha
Iluminação e câmera adicional (performance): Flavio Guedes 
Realização: Rua Filmes
Duração: 19min 28s
Ano: 2018