Nesta sexta-feira (28), DBS faz show de lançamento de seu terceiro álbum, Gordão Chefe, no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Pegando carona nessa data, o Per Raps entrevistou o rapper para falar do disco, das participações, da expectativa do show e tentamos descobrir o que ele tem ouvido de raps nacionais e gringos.
Per Raps: Como foi o processo de escolha dos participantes do álbum?
DBS: Foi bem natural. Já era o terceiro álbum vindo de mais de sete anos desde o último álbum, Clã Prossegue (2006) e completando uma década do disco de estreia, O Clã da Vila (2003). A única coisa que tinha em mente era fazer um álbum que representasse o meu atual momento dentro da atual cena e acredito que seja por isso que o álbum tenha se transformado em um grande encontro de gerações, foi acontecendo.
Per Raps: Trabalhar com a nova e a velha guarda do rap é muito diferente? Se sim, como?
DBS
Gordão Chefe: No começo, achei que seria mais no processo, mas acabei reafirmando algo que já sabia e que aprendi na prática: não importa tempo ou período, as pessoas que estão vivas e que de alguma tocam as pessoas com suas obras tem muito em comum. O principal é o amor pelo que faz e foi isso que achei em todos encontros, indiferente da escola ou período que trabalhei.
Per Raps: Seu álbum anterior teve um hit que todo mundo que gosta de rap conhece, “Qui Nem Judeu”. Quais as músicas que podem se tornar um novo sucesso nesse terceiro álbum?
DBS
Gordão Chefe: Eu tenho alguns singles indo muito bem, como é o caso da “Sinto Muito Baby” com o Edi Rock e Black Alien, “Como Gangster” que traz a Flora Matos e Lino Krizz, “Tá no Meu Nome” com o Realidade Cruel e também a com Emicida (“Os Inimigos Estão Próximos), que tem muita gente cantando nos show. Realmente sou suspeito, mai é um álbum que tem bastante música na pista e fazendo barulho
Per Raps: Como foi a escolha dos produtores para cada faixa, eles se aproximaram com beats ou a coisa fluiu de forma natural?
DBS
Gordão Chefe: Recebo muitos beats, mas tem alguns especiais como os do DJ Max Nos Beats, que assinou mais faixas no álbum. Ele tem me mandado beats há anos, desde 2007. Em 2011 começamos a trabalhar e o resultado foram quatro faixas pesadas. O DJ Cia vem de antes, da Familia RZO. Eu e Cia somos da mesma quebrada, Carapicuíba, e ele nesse álbum tem uma produção. O lendário DJ Cuca assina duas. O cara fez Pepeu, dominou as paradas dos anos 80 e 90. Foi um privilégio. Tudo rolou conforme as parceria e o trampo foram rolando.
Per Raps: Como foi unir três diferentes escolas do rap nacional em “Sinto Muito Baby”, já que você, Edi Rock e Black Alien possui formas tão distintas e marcantes de rimar?
DBS
Gordão Chefe: Muito Foda! Sou fã do Edi Rock. Considero ele um dos maiores compositores vivos do rap mundial. E como fã do Planet Hemp, recebi BNegão no meu álbum de estreia, em 2003, e promover esse encontro foi louco. Vim da escola que formou grandes nomes, a Familia RZO. Além do próprio RZO, teve eu, a Negra Li e o Sabotage, então acredito que a história fala por si. Todos encontros do álbum são encontros que sempre sonhei em ver como fã. Fico feliz em ter acontecido no meu álbum e de poder participar disso.
Per Raps: E a música “Foxy Brown sem Jay Z”, de onde veio a ideia?
DBS
Gordão Chefe: Do conflito entre criador e criatura. Jay Z é mentor da Foxy Brown, assim como (Notorius) Big foi da Lil Kim. No período, Jay Z ainda não tinha chegado ao seu nível de popularidade de hoje e sua venda batiam um milhão, enquanto da sua menina, Foxy Brown, era três, quatro vezes maiores. Chegou um momento em que ela achou que era maior que seu criador mas, após ela assumir o leme, seus números foram por ladeira abaixo, enquanto Jay Z ocupou depois da morte do Big e do 2Pac o papel de número um do jogo, junto com o DMX. A ideia vem dessa história (risos) e em resumo: se acaba a parceria, não funciona Foxy Brown sem Jay Z.
Per Raps: Comparado com outros lançamentos do rap brasileiro, o disco possui um bom número de faixas, 15. Isso foi fruto da inspiração ou você acredita que um álbum deva ter mais faixas mesmo?
DBS
Gordão Chefe
: Sim, pelos meus fãs. Queria fechar um tipo de saga, então tinha que ter meus álbum com muitos interlúdios, influência dos anos 90. O novo álbum, que sai depois desse, já está sendo trabalhando, e vai ter, no máximo, oito músicas, e não é um EP.
Per Raps: Qual é a sua expectativa para o show no Sesc Belenzinho e o que o público deve esperar da apresentação?
DBS
Gordão Chefe
: As melhores. Hoje é o dia do show, estou respondendo essa entrevista e almoçando, tudo ao mesmo tempo. Desde de ontem (quinta-feira) os ingresso estavam esgotados, então a expectativa sempre é a melhor. Em todo lugar que tenho passado, o público se multiplica. Entendi o que é o estilo DBS e hoje o publico vai ver isso. Pessoas que tem estilo próprio, história e período diferentes, que amam a música, e por isso que o universo permitiu esse encontro.
Per Raps: O que o DBS tem ouvido, tanto de rap quanto de outros estilos, entre artistas nacionais e gringos?
DBS Gordão Chefe: Só moleque novo: J.Cole, os dois último álbuns, Because the Internet, do Childish Gambino, o acid rap do Chance The Rapper, o novo do Asap Rock, At.Long.Last.Asap… Mas o que é puts é aquele álbum do Kayne West, de 2013, que não sai do playlist nunca, My Beautiful Dark Twisted Fantasy. É incrível! Meu produtor de estrada acha que o Kayne West sugou tudo do Kid Cudi nessa passagem dele pela Good Music. Realmente, o artista que mais escutei nessa ultima década, depois do Jay Z, é o Kayne. Nacional vou falar da banca pesada lá da Bahia, Ugangue Vidal, Nova Era, moleque que sempre que podemos estamos juntos. Nectar Gang, do Rio de Janeiro – esses manos estavam no meu show no Rio, no começo do ano -, pesado! Mixtape do moleque também, escuta lá e depois vocês me falam. É nóis! Obrigado.
DBS Gordão Chefe @ Sesc Belenzinho
Quando? Sexta-feira, 28 de agosto
Onde?
Sesc Belenzinho
Quanto? De R$ 6 a R$ 20 (ESGOTADO)
O show terá participação de Edi Rock (Racionais MCs) e Black Alien