Um dos regentes da “Blog Era”, (termo utilizado para os rappers que pavimentaram o Hip Hop Norte-Americano na internet) Kid Cudi ganha o mundo com o clássico absoluto: Man on The Moon I: The end of day.
Quase 15 anos depois, o artista se projeta em seu nono projeto de estúdio intitulado INSANO, que marca o final do contrato do artista com a Republic, fato este, que pode abrir margem para um caminho independente, em paralelo a carreira promissora de Cudi no cinema, e, seu hype altíssimo no mundo da moda.
Na minha opinião, INSANO é um disco cansativo, não ruim. 21 faixas me remetem a uma mixtape, e, introduzir o DJ Drama ao longo do projeto, me soa uma tentativa de construir um projeto Gangsta Grillz, mas será que Kid Cudi é sobre isso?
Quando um artista alcança um nível de profundidade tanto nos temas, quanto na construção das rimas e melodias, como Cudi realiza com maestria, sinto uma forte dificuldade dele trazer uma temática rasa e ainda sim atrair/entreter o público.
A intro do projeto Often, I Have These Dreamz, é um boom bap classudo, onde DJ Drama abre-alas pro projeto do jeito que só ele sabe, e, Kid Cudi é um dos rappers que melhor rima sobre a vida, o que soa muito assertivo na primeira faixa, mas ao longo do projeto falha.
Como fã, é difícil pra mim deixar de lado a observação do projeto, desconsiderando todo o catálogo do artista, mas o rap é sobre isso, ainda quero balançar a cabeça e fazer uma cara de empolgação quando ouço uma rima e um beat, mas INSANO não me atrai.
Percebi que não gostei tanto do disco quando ouvi-lo me despertou vontade de ir lá atrás, dos projetos antigos e esse é um forte termômetro pra dizer se algo é bom, cansativo, ou ruim.
Na prática, faixas como X & Cud, Cud Life, Tortured e A Tale of a Knight, fora a intro, ganham meu coração logo de cara, mas me faço uma pergunta que deve ser colocada pra todo artista: Quando alcançamos um nível de profundidade em nossas obras, o quão fácil é se tornar raso?
Cudi não é Travis Scott, que bebe da sua influência diretamente, mas tem em suas temáticas letras rasas, ele também não é A$AP Rocky, que apesar de construir uma linha alternativa, também não constrói uma grande profundidade em suas letras.
E apesar de todos os rappers que ele convida para contribuir no projeto, terem sido influenciados de alguma forma por Kid Cudi, vejo que ele faz pouco uso dessa troca com as gerações mais novas, movimento que Kanye West, seu parceiro de longa data, faz com elegância e muita assertividade.
Se o projeto que fala de noite e visa alcançar um público que literalmente vive ela, apostar em faixas como Memories de 2008, ao lado de David Guetta, talvez tivesse sido uma estratégia mais assertiva, na minha opinião.
Por fim, INSANO tem uma capa irada, um nome forte, uma campanha visual irada, músicas bacanas, mas possivelmente será um dos discos mais fracos de um catálogo incrível que o artista possui.
Até a próxima.